terça-feira, 10 de junho de 2014

Musicoterapia na doença cardíaca, funciona?

      De acordo com o texto feito pelo coordenador Eric Renan no blog,  há uma forte relação entre síndrome ansiosa e risco cardiovascular. Neste texto, ele conclui que o risco relativo desta síndrome seria capaz de se equiparar ao de alguns fatores de risco tradicionais. Mas além dessa associação descrita por ele, já foram feitas em várias pesquisas correlações entre doenças cardiovasculares e outras dificuldades psicossociais, como estresse crônico e depressão, não só no aparecimento da doença, mas também em sua evolução, pois viver com uma doença cardíaca é extremamente estressante, por envolver incertezas e ansiedades acerca do diagnóstico e dos vários procedimentos médicos do tratamento podem piorar o quadro clínico.
      Pela organização mundial de saúde, a doença se caracteriza por um desequilíbrio de todo o sistema ecológico do homem e não apenas pela ação de um agente causal ou pela evolução patogênica. Nesta visão,  a definição de saúde aparece mais do que a simples ausência de doença. Com isto em mente, começou a ser ativamente investigado a relação entre processos artísticos criativos e manutenção da saúde, pois esta passou a englobar aspectos psicoemocionais. A partir de então, foram observadas diversas evidências que indicaram que o envolvimento com atividades criativas (tanto como observador como quem pratica) tem o potencial de contribuir com a diminuição do estresse e a depressão, podendo servir como veículo para diminuir as doenças crônicas.
     Esta idéia de utilizar a expressão criativa artística como forte contribuinte no tratamento de doenças já foi abraçada por várias culturas. Há diversos registros históricos sobre povos que usavam pinturas, estórias, danças e cantos em rituais de cura. Neste sentido, vêm-se observando a relação da música com a doença. Pesquisas demonstraram que a musica terapia diminui a ansiedade, restabelece o equilíbrio emocional, diminui a dor, aumenta a sensação de controle do paciente, promove o bem-estar, aumenta a imunidade, relaxa, alivia o estresse, reduzindo a frequência cardíaca e a pressão sanguínea, portanto diminuindo o risco para doença cardiovascular. Além disso, a música ajuda a diminuir a dor e o estresse em um pós-cirúrgico cardíaco.
     Em um estudo, por exemplo, foi introduzido música em 45 quartos privativos hospitalares com 45 pacientes com infarto do miocárdio. Um monitor Holter foi conectado em cada paciente, enquanto respondiam formulário de estado de ansiedade era retirado os valores fisiológicos. Depois de ouvir música por 20 minutos, participantes tiveram redução significativa na frequência cardíaca e na respiratória, na demanda do miocárdio por oxigênio e da ansiedade.
     Mas apesar da maioria dos estudos atuais sugerirem que ouvir música pode ser beneficial para pacientes com doenças cardíacas, nem todas as triagens foram bem sucedidas. Algumas pesquisas encontraram pouco efeito da música sobre medidas fisiológicas da frequência cardiaca e da pressão sanguínea. Mas resultados contraditórios são esperados, uma vez que um dos fatores que mais interferem numa boa triagem é a música em si. Gosto musical é muito particular de cada pessoa, variando muito o estilo considerado como relaxante de uma pessoa para outra. Além disso, deve ser levado em conta o grupo amostral pequeno e variação na duração das sessões.
     Algumas pesquisas atuais questionam quais terapias baseadas em arte são mais ou menos efetivas, se os impactos da terapia podem ser relacionadas a outras variáveis importantes e pré-condições, e se os benefícios obtidos pela terapia são de longa ou curta duração. Também estão pesquisando se há algum estilo musical que leve aos efeitos benéficos supracitados em todos os pacientes neste tratamento.
      Portanto, use a música a seu favor, para diminuir o estresse e a ansiedade visando diminuir o risco de doença cardíaca!
      O post de hoje tomou como base artigos de revisão de literatura e o post anterior do coordenador Eric Renan. Para ter acesso a qualquer um destes textos, segue os links abaixo:
      Espero que tenham gostado e que aprofundem o conhecimento na área lendo os artigos citados.
      Obrigada pela atenção,
Amanda Caon Morioka
Coordenadora da Liga de Cardiologia

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