quinta-feira, 27 de novembro de 2014

Como é o coração nas cardiopatias congênitas?

Cerca de metade das crianças nascidas com síndrome de Down apresentam algum defeito no coração ao nascer. Essas malformações estruturais ocorrem nos três primeiros meses de gravidez, e nem sempre são detectadas pelo ultrassom. Somente o ecocardiograma fetal bimensional com Doppler pode determinar com mais exatidão a existência de um problema cardíaco.
Na décima segunda semana de gestação, pode-se medir a translucência nucal através de um exame de ultrassom. Medidas maiores que 3 mm são características de alguns problemas congênitos e, nesses casos, normalmente é recomendado um cariótipo (exame genético) e a realização de ECO fetal.

Os pacientes com síndrome de Down, geralmente, apresentam cardiopatias congênitas acianogênicas de hiperfluxo pulmonar (shunt equerdo-direito). Isso significa que o defeito cardíaco que começou ainda na barriga da mãe não produz cianose central (arroxeamento da pele) e promove um aumento de fluxo do sangue para o pulmão (hiperfluxo pulmonar).
Os principais exemplos deste tipo de cardiopatia são: comunicação interventricular (CIV), comunicação interarterial (CIA), defeito do septo atrioventricular (DSAV) ou coxim endocárdico e persistência do canal arterial (PCA).

O defeito do septo atrioventricular (DSAV) é a cardiopatia mais frequente em pessoas com síndrome de Down. Está dentro do grupo de cardiopatias congênitas acianogênicas de hiperfluxo pulmonar (shunt esquerdo-direito); ou seja, não causa o arroxeamento da pele, mas leva a um aumento do fluxo sanguíneo no pulmão.
Existem três formas de DSAV: total, intermediário e parcial. Em todas elas há um defeito no coxim endocárdico, que é responsável pela formação das valvas atrioventriculares (tricúspide e mitral) e fechamento dos septos atrial e ventricular.
No DSAV forma total, temos a presença de uma CIA, CIV, e válvula atrioventricular única com ruptura (cleft) da válvula mitral. Essa associação de defeitos faz com que haja um grande volume de sangue indo para o pulmão e, consequentemente, provoque cansaço e dificuldade para respirar. Com isso, a criança tem dificuldade para ganhar peso e precisa de uma dieta rica em calorias, balanceada e com pouca ingestão de líquidos.
A única forma de corrigir a DSAV é por meio de cirurgia. A operação deve ser realizada, de preferência, entre os 6 e 12 meses de idade, não devendo ser adiada por causa do risco de doença vascular oclusiva pulmonar.

Nas cardiopatias congênitas acianogênicas de hiperfluxo pulmonar os principais sintomas são: cansaço durante e depois das mamadas, cansaço para atividades físicas, respiração rápida e difícil, pneumonias de repetição e dificuldade de ganho de peso.
Isso ocorre porque mais sangue vai para o pulmão e com isso há uma sobrecarga de volume e congestão pulmonar. Lógico que a intensidade desses sintomas irá depender do tipo, tamanho, localização do defeito e idade do paciente. Defeitos pequenos ou localizados no septo atrial (por exemplo, CIA) ocorrem com poucos ou nenhum sintoma. Entretanto, defeitos maiores levam precocemente à congestão pulmonar. A idade também altera a manifestação da doença. No recém nascido, como o pulmão ainda está se expandindo, sua pressão é mais alta, limitando o shunt(desvio do sangue) esquerdo-direito; por volta do terceiro mês de vida diminui a resistência pulmonar e o fluxo se torna mais intenso, levando ao aparecimento dos sintomas.
Nas cardiopatias congênitas cianogênicas de hiperfluxo pulmonar (Tetralogia de Fallot) o principal sintoma são as crises de cianose (arroxeamento da pele). Essas crises são desencadeadas principalmente pelo esforço físico, nos casos de anemia, nos processos febris e nos casos de desidratação. São caracterizadas pela coloração arroxeada de todo o corpo da criança e agitação psico-motora.

Nos casos com shunt esquerdo-direito (CIA, CIV, PCA, DSAV) devem-se evitar líquidos. Isso porque há maior fluxo de sangue para o pulmão e, se forem ingeridos mais líquidos, mais volume irá para o pulmão e maior será a dificuldade de respirar e o cansaço. Assim, deve-se restringir o consumo de líquidos com poucas ou nenhuma caloria – como chá e água, por exemplo – oferecendo leite no volume orientado pelo médico e cardiologista.
Nos casos de cardiopatias congênitas cianogênicas de hipofluxo pulmonar (Tetralogia de Fallot – T4F) NÃO se deve restringir o consumo de líquidos. É importantíssimo que a criança portadora de T4F esteja sempre bem hidratada e tenha sempre oferta de líquidos. Isso porque a cardiopatia dificulta o fluxo de sangue para o pulmão e é preciso aumentá-lo.

Alimentação rica e balanceada é a ideal para pacientes com síndrome de Down e cardiopatia. Nos casos com dificuldade de ganho de peso é preciso consumir mais calorias. Aconselha-se acompanhamento com nutricionista para os casos mais complicados.

Nem todas as cardiopatias congênitas precisam de operação. Defeitos simples que não apresentam sintomas muitas vezes corrigem-se por conta própria e não precisam de intervenção cirúrgica. Entre eles estão as comunicações interatriais de localização na fossa oval e as convenções interventriculares mínimas.
O defeito do septo atrioventricular sempre precisa de cirurgia. O ideal é esperar até que a criança tenha entre seis e 12 meses, quando seu peso já está acima de seis quilos e o risco cirúrgico é menor. Mas, nos casos em que é difícil controlar a insuficiência cardíaca, pode ser necessário operar antes disso.
A Tetralogia de Fallot também só pode ser corrigida por meio de cirurgia. Aguarda-se a idade de 6 a 12 meses para realizá-la, sendo feita a correção total do defeito. Nos casos em que há muita crise de cianose com risco de morte, a cirurgia pode ser feita antes disso. Neste caso, a operação é paliativa e chama-se Blalock-Taussig modificado – coloca-se um tubo ligando a artéria aorta à pulmonar, possibilitando maior fluxo sanguíneo para o pulmão. Quando a criança estiver mais velha, é feita a cirurgia para a correção total.

A prática de exercícios deve ser orientada pelo médico. Cada defeito vai permitir um tipo de atividade.
Depois de feita a cirurgia com esternorrafia (corte no meio do peito), o ideal é limitar as atividades físicas por três meses. Essa limitação inclui a possibilidade de fazer exercícios leves, como uma caminhada no plano por 20 minutos, por exemplo. Ficam proibidos esportes de impacto como futebol, basquete, judô, capoeira, etc e esportes com risco de queda, como ciclismo, skate, patinete, etc.
Cerca de metade das crianças nascidas com síndrome de Down apresentam algum defeito no coração ao nascer. Essas má-formações estruturais ocorrem nos três primeiros meses de gravidez, e nem sempre são detectados pelo ultrassom. Somente o ecocardiograma fetal bimensional com Doppler acoresor (ECO) pode determinar com mais exatidão a existência de um problema cardíaco.
Na décima segunda semana de gestação, pode-se medir a translucência nucal através de um exame de ultrassom. Medidas maiores que 3 mm são características de alguns problemas congênitos e, nesses casos, normalmente é recomendado um cariótipo (exame genético) e a realização de ECO fetal.
- See more at: http://www.movimentodown.org.br/2013/09/cardiopatias-congenitas-2/#sthash.w6MgY06q.dpuf
Cerca de metade das crianças nascidas com síndrome de Down apresentam algum defeito no coração ao nascer. Essas má-formações estruturais ocorrem nos três primeiros meses de gravidez, e nem sempre são detectados pelo ultrassom. Somente o ecocardiograma fetal bimensional com Doppler acoresor (ECO) pode determinar com mais exatidão a existência de um problema cardíaco.
Na décima segunda semana de gestação, pode-se medir a translucência nucal através de um exame de ultrassom. Medidas maiores que 3 mm são características de alguns problemas congênitos e, nesses casos, normalmente é recomendado um cariótipo (exame genético) e a realização de ECO fetal.
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Cerca de metade das crianças nascidas com síndrome de Down apresentam algum defeito no coração ao nascer. Essas má-formações estruturais ocorrem nos três primeiros meses de gravidez, e nem sempre são detectados pelo ultrassom. Somente o ecocardiograma fetal bimensional com Doppler acoresor (ECO) pode determinar com mais exatidão a existência de um problema cardíaco.
Na décima segunda semana de gestação, pode-se medir a translucência nucal através de um exame de ultrassom. Medidas maiores que 3 mm são características de alguns problemas congênitos e, nesses casos, normalmente é recomendado um cariótipo (exame genético) e a realização de ECO fetal.
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Cerca de metade das crianças nascidas com síndrome de Down apresentam algum defeito no coração ao nascer. Essas má-formações estruturais ocorrem nos três primeiros meses de gravidez, e nem sempre são detectados pelo ultrassom. Somente o ecocardiograma fetal bimensional com Doppler acoresor (ECO) pode determinar com mais exatidão a existência de um problema cardíaco.
Na décima segunda semana de gestação, pode-se medir a translucência nucal através de um exame de ultrassom. Medidas maiores que 3 mm são características de alguns problemas congênitos e, nesses casos, normalmente é recomendado um cariótipo (exame genético) e a realização de ECO fetal.
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Cardiopatias congênitas afetam metade dos recém-nascidos com síndrome de Down

Cerca de metade das crianças nascidas com síndrome de Down apresentam algum defeito no coração ao nascer. Essas má-formações estruturais ocorrem nos três primeiros meses de gravidez, e nem sempre são detectados pelo ultrassom. Somente o ecocardiograma fetal bimensional com Doppler acoresor (ECO) pode determinar com mais exatidão a existência de um problema cardíaco.
Na décima segunda semana de gestação, pode-se medir a translucência nucal através de um exame de ultrassom. Medidas maiores que 3 mm são características de alguns problemas congênitos e, nesses casos, normalmente é recomendado um cariótipo (exame genético) e a realização de ECO fetal.
50% dos bebês com síndrome de Down nascem com problemas no coração.
Principais cardiopatias
Os pacientes com síndrome de Down, geralmente, apresentam cardiopatias congênitas acianogênicas de hiperfluxo pulmonar (shunt equerdo-direito). Isso significa que o defeito cardíaco que começou ainda na barriga da mãe não produz cianose central (arroxeamento da pele) e promove um aumento de fluxo do sangue para o pulmão (hiperfluxo pulmonar).
Os principais exemplos deste tipo de cardiopatia são: comunicação interventricular (CIV), comunicação interarterial (CIA), defeito do septo atrioventricular (DSAV) ou coxim endocárdico e persistência do canal arterial (PCA).
Defeito do septo atrioventricular (DSAV)
Essa é a cardiopatia mais frequente em pessoas com síndrome de Down. Está dentro do grupo de cardiopatias congênitas acianogênicas de hiperfluxo pulmonar (shunt esquerdo-direito); ou seja, não causa o arroxeamento da pele mas leva a um aumento do fluxo sanguíneo no pulmão.
Existem três formas de DSAV: total, intermediário e parcial. Em todas elas há um defeito no coxim endocárdico, que é responsável pela formação das válvulasatrioventriculares (tricúspide e mitral) e fechamento dos septos atrial e ventricular.
No DSAV forma total, temos a presença de uma CIA, CIV, e válvula atrioventricular única com ruptura (cleft) da válvula mitral. Essa associação de defeitos faz com que haja um grande volume de sangue indo para o pulmão e, consequentemente, provoque cansaço e dificuldade para respirar. Com isso, a criança tem dificuldade para ganhar peso e precisa de uma dieta rica em calorias, balanceada e com pouca ingestão de líquidos.
A única forma de corrigir a DSAV é por meio de cirurgia. A operação deve ser realizada, de preferência, entre os 6 e 12 meses de idade, não devendo ser adiada por causa do risco de doença vascular oclusiva pulmonar.
Principais sintomas
Nas cardiopatias congênitas acianogênicas de hiperfluxo pulmonar os principais sintomas são: cansaço durante e depois das mamadas, cansaço para atividades físicas, respiração rápida e difícil, pneumonias de repetição e dificuldade de ganho de peso.
Isso ocorre porque mais sangue vai para o pulmão e com isso há uma sobrecarga de volume e congestão pulmonar. Lógico que a intensidade desses sintomas irá depender do tipo, tamanho, localização do defeito e idade do paciente. Defeitos pequenos ou localizados no septo atrial (por exemplo, CIA) ocorrem com poucos ou nenhum sintoma. Entretanto, defeitos maiores levam precocemente à congestão pulmonar. A idade também altera a manifestação da doença. No recém nascido, como o pulmão ainda está se expandindo, sua pressão é mais alta, limitando o shunt(desvio do sangue) esquerdo-direito; por volta do terceiro mês de vida diminui a resistência pulmonar e o fluxo se torna mais intenso, levando ao aparecimento dos sintomas.
Nas cardiopatias congênitas cianogênicas de hiperfluxo pulmonar (Tetralogia de Fallot) o principal sintoma são as crises de cianose (arroxeamento da pele). Essas crises são desencadeadas principalmente pelo esforço físico, nos casos de anemia, nos processos febris e nos casos de desidratação. São caracterizadas pela coloração arroxeada de todo o corpo da criança e agitação psico-motora.
Ingestão de líquidos
Nos casos com shunt esquerdo-direito (CIA, CIV, PCA, DSAV) devem-se evitar líquidos. Isso porque há maior fluxo de sangue para o pulmão e, se forem ingeridos mais líquidos, mais volume irá para o pulmão e maior será a dificuldade de respirar e o cansaço. Assim, deve-se restringir o consumo de líquidos com poucas ou nenhuma caloria – como chá e água, por exemplo – oferecendo leite no volume orientado pelo médico e cardiologista.
Nos casos de cardiopatias congênitas cianogênicas de hipofluxo pulmonar (Tetralogia de Fallot – T4F) NÃO se deve restringir o consumo de líquidos. É importantíssimo que a criança portadora de T4F esteja sempre bem hidratada e tenha sempre oferta de líquidos. Isso porque a cardiopatia dificulta o fluxo de sangue para o pulmão e é preciso aumentá-lo.
Alimentação
Alimentação rica e balanceada é a ideal para pacientes com síndrome de Down e cardiopatia. Nos casos com dificuldade de ganho de peso é preciso consumir mais calorias. Aconselha-se acompanhamento com nutricionista para os casos mais complicados.
Cirurgia
Nem todas as cardiopatias congênitas precisam de operação. Defeitos simples que não apresentam sintomas muitas vezes corrigem-se por conta própria e não precisam de intervenção cirúrgica. Entre eles estão as comunicações interatriais de localização na fossa oval e as convenções interventriculares mínimas.
O defeito do septo atrioventricular sempre precisa de cirurgia. O ideal é esperar até que a criança tenha entre seis e 12 meses, quando seu peso já está acima de seis quilos e o risco cirúrgico é menor. Mas, nos casos em que é difícil controlar a insuficiência cardíaca, pode ser necessário operar antes disso.
A Tetralogia de Fallot também só pode ser corrigida por meio de cirurgia. Aguarda-se a idade de 6 a 12 meses para realizá-la, sendo feita a correção total do defeito. Nos casos em que há muita crise de cianose com risco de morte, a cirurgia pode ser feita antes disso. Neste caso, a operação é paliativa e chama-se Blalock-Taussig modificado – coloca-se um tubo ligando a artéria aorta à pulmonar, possibilitando maior fluxo sanguíneo para o pulmão. Quando a criança estiver mais velha, é feita a cirurgia para a correção total.
Prática de exercícios
A prática de exercícios deve ser orientada pelo médico. Cada defeito vai permitir um tipo de atividade.
Depois de feita a cirurgia com esternorrafia (corte no meio do peito), o ideal é limitar as atividades físicas por três meses. Essa limitação inclui a possibilidade de fazer exercícios leves, como uma caminhada no plano por 20 minutos, por exemplo. Ficam proibidos esportes de impacto como futebol, basquete, judô, capoeira, etc e esportes com risco de queda, como ciclismo, skate, patinete, etc.
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quinta-feira, 20 de novembro de 2014

IMPROVE-IT: Reemergirão as metas de LDL?

     Nessa semana ocorreu o Congresso da American Heart Association (AHA) em Chicago e um dos maiores destaques tem sido a divulgação dos resultados do IMPROVE-IT (IMProved Reduction of Outcomes: Vytorin Efficacy International Trial)
     Esse trial foi realizado com 18.144 pacientes estáveis com 10 dias ou menos após síndrome coronariana aguda (inclui infarto do miocárdio com supraST, sem supraST e angina instável) com 50 anos ou mais com concentração de LDL entre 50 e 125 (ou se já em uso de estatina, entre 50-100). 
     Foi comparado o uso de sinvastatina (40mg) com a adição de ezetimibe (10mg) com o de uso sinvastatina (40mg) com adição de placebo em relação ao desfecho primário de eventos combinados (morte cardiovascular, infarto do miocárdio não fatal, AVC não fatal, rehospitalização por angina instável e revascularização coronariana). 
      As três perguntas desses estudo foram:
  • A meta de reduzir a concentração de LDL-C com uma não-estatina Ezetimibe reduz eventos cardíacos?
  • "Is (even) lower (even) better?" Uma redução ainda maior de LDL-C é melhor? (foi estimado uma concentração de LDL aproximadamente de 50 vs. 65mg/dL)
  • Segurança do Ezetimibe
      E porquê isso provocou uma reação na comunidade científica?
      A recente diretriz da ACC/AHA não recomenda mais tratar com metas de LDL-C, orientando que os clínicos deveriam se concentrar em avaliar o risco de doenças cardiovasculares ateroscleróticas e se o paciente se encontrar entre um dos quatro grupos de alto risco é recomendado a terapia com estatina em moderada a alta intensidade (com algumas exceções, o uso de outras drogas hipolipemiantes, além da estatina, foram desencorajadas) :
-Pacientes com clínica de doenças cardiovasculares ateroscleróticas
-Pacientes com LDL-C maior ou igual 190 mg/dL
-Pacientes diabéticos entre 40-75 anos com LDL-C de 70-189 mg/dL e sem clínica de doenças cardiovasculares ateroscleróticas
-Pacientes sem clínica de doenças cardiovasculares ateroscleróticas ou diabetes mas com LDL-C com 70-189 mg/dL e risco estimado de doenças cardiovasculares ateroscleróticas estimado em 10 anos acima ou igual a 7,5%.
       E o IMPROVE-IT demonstrou que a adição de Ezetimibe, em um follow-up médio de 6 anos, promoveu:
-Uma redução de risco de eventos cardiovasculares em 6,4%; de infarto do miocárdio em 13%; de AVC isquêmico em 21%;
-Uma observação que seriam necessários tratar 50 pacientes por 7 anos para prevenir um evento.
-Um valor de LDL-C médio anual de 53,2 vs 69,9 no grupo sinvastatina e placebo.
-Os efeitos foram similares em todos subgrupos, sendo que no dos diabéticos que apresentaram melhores resultados.
        Com isso o IMPROVE-IT demonstrou que:
-A adição de uma não-estatina reduzindo LDL-C diminuiu número de eventos cardiovasculares, o que antes era um efeito esperado somente com a estatina;
-Even lower even better. A redução de LDL-C no grupo com adição de Ezetimibe e a menor incidência de eventos cardiovasculares ressurge que as metas de LDL podem orientar a prevenção eventos cardiovasculares e que essas metas podem ser ainda menores do que as estipuladas anteriormente;
-Ezetimibe se demonstrou seguro.
        Especialistas apontaram os resultados como genuínos e confiáveis. Houve um alívio com a não invalidação da hipótese lipídica, que era sustentada com diversas pesquisas mecanísticas, e com o refortalecimento da utilização da meta de redução lípidica. O estudo também aponta para o raciocínio que havia sobre o uso de qualquer droga que promova a redução do LDL de modo seguro administrado pelo tempo suficiente irá reduzir risco cardiovascular ser coerente, diminuindo o foco atual da estatina ser a única via. Além disso, resultados positivos com uma não estatina são animadores devido a uma alternativa fundamentada em pacientes que não se adequam a uso de estatinas pelos seus baixos efeitos colaterais e seus resultados melhores no grupo de diabéticos.
        No entanto, algumas críticas foram apontadas:
-Alguns indicaram que os resultados expressam benefícios clínicos modestos;
-Foi assumido que o ezetimibe promoveria uma a redução em 15mg/dl, que produziria um efeito de tratamento de aproximadamente 8 a 9%, com isso o poder do estudo foi calculado em 90% para verificar uma diferença de 9%. No entanto, o estudo apresentou uma diferença de aproximadamente 6%, o que estaria abaixo do que o estudo foi calculado para observar;
-Deve-se tomar cuidado para extrapolar estes resultados para pacientes de baixo risco como prevenção primária devido ao caráter da população estudada, permanecendo essa aplicação ainda não respondida.

E para você, esse estudo mudará sua conduta?

Até a próxima,


Elayne Oliveira

Presidente da Liga de Cardiologia da UNICAMP - Gestão 2014

Curiosidade:

      Outra justificativa para esse estudo ter causado certo "frisson" foi que grandes trials como esses, que são muito esperados pela comunidade científica, costumam ter uma publicação concomitante a sua apresentação no Congresso da AHA na New England Journal of Medicine (NEJM). Para divulgação, alguns jornalistas selecionados tem acesso ao paper antes, mas com acordo de confidencialidade, no entanto, como o IMPROVE-IT não estava entre eles... começou diversos burburinhos de que realmente os resultados seriam "controversos e complicados"..
     Uma das jutificativas colocados por Larry Husten é que poderia haver uma disputa entre os editores e autores sobre como incluir e enfatizar as análises, já que há uma fama dos editores da NEJM serem bem estritos como devem ser feitas as análises e as afirmações. Apesar de pouco provável, alguns conspiracionistas levantaram a hipótese de ocorrer novamente a interferência da Schering Plough (patrocinador da droga em questão) na liberação dos dados como ocorreram no ENHANCE trial.
      Frente a isso, Eugene Braunwald, um dos principais investigadores do IMPROVE-IT fez a seguinte afirmação frente as dúvidas levantadas:
"O manuscrito não foi submetido a nenhum jornal e a razão para isso é muito simples: nunca foi nossa intenção submeter ao mesmo tempo, apesar de ser o que usualmente fazemos, porquê o tempo de cegamento ainda não tinha sido longo o suficiente. Nós estamos trabalhando na apresentação."

Referências:
Christopher P Cannon. IMPROVE-IT Trial: A Comparison of Ezetimibe/Simvastatin versus Simvastatin Monotherapy on Cardiovascular Outcomes After Acute Coronary Syndromes. Disponível em: http://my.americanheart.org/professional/Sessions/ScientificSessions/ScienceNews/SS14-Late-Breaking-Clinical-Trials_UCM_468855_Article.jsp#improve-it
Blazing MA, Giugliano RP, Cannon CP, Musliner TA, Tershakovec AM, White JA et al. Evaluating cardiovascular event reduction with ezetimibe as an adjunct to simvastatin in 18,144 patients after acute coronary syndromes: final baseline characteristics of the IMPROVE-IT study population. Am Heart J. 2014 Aug;168(2):205-12.el Epub 2014 May 15.
ACC/CardioSource. IMPROVE-IT: Ezetimibe/Simvastatin vs. Simvastatin Monotherapy on CV Outcomes After ACS. Disponível em: http://ht.ly/EpFWZ
Larry Husten, David G. Fairchild, Jaye Elizabeth Hefner. IMPROVE-IT: Modest Clinical Benefit from Ezetimibe. Disponível em: http://www.jwatch.org/fw109545/2014/11/18/improve-it-modest-clinical-benefit-ezetimibe
Larry Husten. IMPROVE-IT Meets Endpoint And Demonstrates Real But Modest Clinical Benefit For Ezetimibe. Disponível em: http://www.forbes.com/sites/larryhusten/2014/11/17/improve-it-meets-endpoint-and-demonstrates-real-but-modest-clinical-benefit-for-ezetimibe/.

Kirsten E. Fleischmann. New Cholesterol Guidelines Spur Debate. Disponível em: http://www.jwatch.org/na33096/2013/12/31/new-cholesterol-guidelines-spur-debate
American Heart Association. Cholesterol-lowering drug with different action adds to statin’s reduction of cardiovascular risk. American Heart Association Meeting Report Abstract LBCT.02. Disponível em: http://newsroom.heart.org/news/cholesterol-lowering-drug-with-different-action-adds-to-statins-reduction-of-cardiovascular-risk
Larry Husten. IMPROVE-IT Trial Paper Won't Be Published Right Away In The New England Journal Of Medicine. Disponível em: http://www.forbes.com/sites/larryhusten/2014/11/13/improve-it-trial-paper-wont-be-published-right-away-in-the-new-england-journal-of-medicine/

quinta-feira, 13 de novembro de 2014

Você conhece o Teste do Coraçãozinho realizado em recém-nascidos?



Boa noite pessoal,

Como em meu último post abordei um pouco mais sobre as Cardiopatias em Gestantes, hoje vou falar um pouco sobre a Cardiologia dentro da triagem neonatal e o famoso (mas nem tão famoso assim) Teste do Coraçãozinho no qual os recém-nascidos são submetidos nos primeiros dias de vida.



Escolhi este tema pela sua relevância dentro da Cardiologia e também pelo seu esquecimento dentro desta área, isto porque quando pensamos em Cardiologia, logo vem em nossa mente os infartos do miocárdio, as insuficiências cardíacas congestivas, hipertensão arterial e todas estas doenças crônicas que tanto atingem a saúde da população contemporânea, sobretudo da população adulta e mais idosa. Porém, não podemos deixar de considerar a grande importância da Cardiologia também nos primeiros dias de vida de uma pessoa, e esta importância torna-se ainda mais merecedora de atenção depois que vemos que cerca de 1 a 2 de cada 1000 nascidos vivos apresentam cardiopatia congênita crítica, segundo Wren et al (2008) e o que merece mais destaque ainda é o fato de que de 30 a 40% dos recém-nascidos com cardiopatias congênitas graves vão de alta hospitalar sem nenhum diagnóstico de alteração cardíaca, segundo o dr. Jorge Afiune - presidente do Departamento de Cardiologia da Sociedade Brasileira de Pediatria.

Logo, vemos que apesar de não ser lembrado quando citamos a Cardiologia, é um tema extremamente recorrente e relevante para quem trabalha na área da Pediatria.

Dentre as Cardiopatias Congênitas críticas temos vários tipos e várias causas anatômicas, todavia, como não é o intuito deste post, vou apenas citar o nome de algumas delas. Podemos ter então, recém-nascidos apresentando algumas cardiopatias consideradas críticas, são elas: Síndrome da Hipoplasia do Coração Esquerdo, Atresia Pulmonar, Tetralogia de Fallot, Transposição das Grandes Artérias, Atresia de Tricúspide, Retorno Venoso Pulmonar Anômalo Total.

O diagnóstico padrão-ouro para estas malformações cardíacas congênitas críticas é a ecocardiografia com mapeamento do fluxo em cores, seja fetal ou neonatal, porém como triagem de todos os fetos/recém-nascidos fica complicado para o Sistema de Saúde Público. Assim, como nestas cardiopatias existe uma mistura do sangue da circulação sistêmica com o sangue da circulação pulmonar há uma queda da saturação periférica de oxigênio, logo, uma ABORDAGEM POR MEIO DA OXIMETRIA DE PULSO, permite o diagnóstico não invasivo, rápido e prático destas condições, uma vez que ausculta cardíaca pode ser normal nesta fase e pode não haver manifestações clinicas ainda neste período.

Desta maneira, o Teste do Coraçãozinho como ficou conhecido nada mais é do que a realização da oximetria de pulso em recém-nascidos em um período de 24 a 48h pós-natal, antes da alta do recém-nascido da Unidade Neonatal, a fim de detectar alterações que indiquem a presença de Cardiopatias Congênitas Críticas.


Padronizou-se que o Teste do Coraçãozinho seja realizado no membro superior direito e em um dos membros inferiores, sendo que o resultado considerado normal é a presença de uma Saturação periférica maior ou igual a 95% nos dois locais de medida, sendo que a diferença de medida nos dois locais não pode ser maior do que 3%. Caso o resultado se encontre fora deste padrão de normalidade, espera-se 1h para fazer novas aferições e, se os resultados continuarem anormais, solicita-se a ecocardiografia (padrão-ouro).

Pode parecer uma abordagem neonatal boba, ou ingênua para quem vê pela primeira vez, Porém, a simplicidade do teste diagnóstico foi fundamental dentre estas patologias, isto porque estas cardiopatias congênitas são responsáveis por 10% dos óbitos infantis e ainda por 30 a 40% dos óbitos decorrentes de malformações, logo, introduzir este Teste de Triagem faz parte das medidas para redução do número de mortes neonatais dentro de um país.

Bom, por hoje é só!
Bons estudos  (=

Abaixo seguem algumas referências sobre o Teste do Coraçãozinho:

Informações do CDC sobre a Oximetria de Pulso em Neonatos

Notícia da Sociedade Brasileira de Pediatria sobre o Teste do Coraçãozinho

Explicações sobre o Teste do Coraçãozinho segundo a Sociedade Brasileira de Pediatria


segunda-feira, 10 de novembro de 2014

Curiosidades sobre marpacasso

                O marcapasso é um pequeno aparelho que, em funcionamento, controla os batimentos do coração. O músculo cardíaco contrai de maneira rítmica, tanto átrios quanto ventrículos, em resposta a um estímulo nervoso.
                Em certas patologias, no entanto, o estímulo nervoso está desregulado, como no caso de algumas arritmias, e é necessário então colocar o marcapasso para controlar de maneira regular as batidas do coração.
                O marcapasso envia sinais elétricos para o coração, que farão com que ele bata de maneira normal (60 a 100 batimentos por minuto). Na maioria das vezes, ele é usado para tratar condições em que o coração bate muito devagar, mas também pode ser usado para prevenir ou controlar um coração que bate muito rápido.
                Uma vez implantado, o marcapasso tem bateria para funcionar sozinho por até 10 anos, sendo necessária nova cirurgia para trocar o dispositivo.
Pacemaker- O marcapasso no local em que é implantado

                Diversas doenças do coração podem ser tratadas com a colocação do marcapasso, entre elas estão pacientes com bradicardia sinusal, disfunção do nó sinusal em pacientes que desmaiaram, frequência cardíaca <40 batidas por minuto (crônica), bloqueios atrioventriculares, entre outros.

                E você, já tinha ouvido falar do marcapasso? Conhece alguém que tem?
                Para saber mais, acesse o link:


Até a próxima!

Liga de Cardiologia da Unicamp

quinta-feira, 6 de novembro de 2014

ECG-guide: auxílio na interpretação desse exame

Nesse ultimo fim de semana, ocorreu o curso de ECG ministrado pela sociedade de medicina e cirurgia de campinas (SMCC). As palestras deram uma ótima base para iniciar a análise e interpretação dessa importante ferramenta na área médica.


O ECG é um procedimento não invasivo que permite analisar a atividade elétrica do coração na superfície  torácica. É o padrão ouro para o diagnostico não invasivo de arritmias e distúrbios de condução, alem de ser muito importante nos quadros isquemicos coronarianos, sendo, portanto, um importante marcador de doença do coração. Resumindo, esse exame reconhece diversas alterações fisiológicas e estruturais do coração. A partir dele diversas decisões terapêuticas são tomadas em salas de emergência e no seguimento para ver as repostas ao tratamento.

Os objetivos desse registro são analisar o ritmo cardíaco, avaliar a condução do estimulo atraves do sistema de condução do coração e das suas cavidades, avaliar a integridade ou anormalidades do sistema de condução, detectar eventuais sobrecargas das cavidades cardíacas e zonas correspondentes a ausência de atividade elétrica.

É portanto uma importante ferramenta para todos as áreas da medicina e todos os médicos devem saber pelo menos reconhecer alterações e conseguir fazer uma interpretação básica. Para auxiliar no aprendizado, há diversos livros e sites voltados para esse tema, alem de cursos rápidos como o oferecido pela SMCC. No post atual indicaremos tambem o aplicativo ECG guide.

Este aplicativo possui uma interface fácil de manusear com vários tópicos na página principal. Dentro de cada tópico, podemos escolher um subtópico que terá um conteúdo explicativo bem conciso e com todas as informações necessárias para interpretar o ECG em questão bem descritas.
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Há tambem mais de 200 exemplos de eletrocardiogramas em alta definição neste aplicativo e um pequeno quiz com mais de 100 questões de múltipla escolha para testar os conhecimentos sobre o tema, ou ainda questões de identificar o ECG representado.

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Infelizmente, há dois pequenos fatores limitantes para o manuseio desse aplicativo. O primeiro e mais importante é que ele está disponível apenas em inglês; o segundo é que ele não é gratuito, mas é muito barato, apenas 0,99 dólar. Mas ainda assim o custo-benefício fala a favor da aquisição desse aplicativo para quem ainda esta inseguro na interpretação dessa ferramenta.

Bom, por hoje é isso. Obrigado pela atenção e boa noite a todos!


segunda-feira, 3 de novembro de 2014

O coração nas elevadas altitudes

Várias mudanças fisiológicas ocorrem no organismo nas "alturas". Os sintomas vão desde dor de cabeça (a alteração mais comum) a náuseas, vômitos, insônia, cansaço generalizado, edema agudo pulmonar, dentre outros, e podem surgir já no primeiro dia.
A partir de 230 metros acima do nível do mar, o organismo faz automaticamente rápidos ajustes para compensar a menor densidade do ar, que é proporcional à altitude, à menor pressão barométrica e à menor pressão parcial de oxigênio. Ninguém conseguiria morar de modo permanente em locais situados acima de 5.000 metros, e mesmo quem pratica alpinismo usa equipamento de oxigênio nessas altitudes. Por isso, em lugares altos precisamos sempre de um período para a aclimatação, que deve ser progressiva.
As principais alterações para compensar a menor densidade do ar em lugares altos são mecanismos que levem a maior produção de hemácias, na tentativa de levar o pouco oxigênio presente aos tecidos. Porém, isso torna o sangue mais viscoso, sendo um fator de risco para pessoas com problemas cardíacos prévios.
Nos primeiros dias, os exercícios físicos são proibidos, principalmente para os cardiopatas. Mesmo depois disso, a capacidade física permanece reduzida: a adaptação apenas facilita o ajuste a maiores elevações. São necessárias cerca de duas semanas para total adaptação a altitudes de até 2.300 metros e daí para a frente uma semana a mais para cada 600 metros adicionais, até 4.600 metros. De volta ao nível do mar, essa capacidade é perdida após duas a três semanas e novo período de adaptação será necessário na próxima viagem a lugares altos, sobretudo para a prática de exercícios vigorosos.
Ajustes constantes são prejudiciais ao coração sob vários aspectos: nos lugares altos, o sangue concentra menos oxigênio, a frequência cardíaca aumenta, pode haver perda hídrica por evaporação, o que leva a uma desidratação moderada, e a frequência cardíaca máxima (número máximo de batimentos cardíacos por minuto) diminui. Portanto, pacientes coronarianos, hipertensos, com doenças valvulares moderadas a graves ou insuficiência cardíaca devem evitar altitudes superiores a 2.000 metros e, principalmente, jamais realizar exercícios físicos nesses lugares.
Sempre consulte seu médico antes de viajar para lugares de elevadas altitudes!

Referência Bibliográfica
1- Livro 'Fisiologia Humana', Guyton, sexta edição.