Síndromes Ansiosas
e Risco Cardiovascular
Boa noite
pessoal, vou hoje discorrer um pouco sobre um tema que ainda hoje é
controverso: a correlação entre Síndromes Ansiosas e o Risco Cardiovascular.
Primeiramente,
deve-se frisar que a denominação “Síndrome Ansiosa” é demasiadamente genérico.
Por muito tempo os estudos relacionados ao assunto utilizaram, erroneamente,
esse grupo de doenças como um fator homogêneo para definição de aumento de
risco cardiovascular.
Em
pesquisas passadas o que foi verificado (e é amplamente aceito) é uma correlação positiva entre essas entidades
e o risco cardiovascular. Porém, esses resultados possuem um forte revés a ser
levado em conta: as síndromes ansiosas possuem sintomatologia e acometimentos
extremamente heterogêneos, de modo que dificilmente gerariam efeito
cardiovascular semelhante.
Com isso em
mente, um estudo recente tentou uma nova abordagem para desvendar o real
impacto das síndromes ansiosas no risco cardiovascular. Apesar de diversas
limitações apresentadas (curto período de acompanhamento, grupo estudado
relativamente jovem e limitação do número de pessoas doentes), o estudo agrupou
as síndromes ansiosas em 3 grupos para estudo independente: o grupo “pânico”
(Sindrome do Pânico e Ataques de Pânico), o grupo “fobia” (Agorafobia e Fobia Social) e o grupo “preocupação”
(Síndrome da Ansiedade Generalizada).
Assim, foi
possível uma análise mais adequada de cada um desses grupos isoladamente, e os
resultados foram bastante interessantes: os grupos “pânico” e “fobia” não
apresentaram nenhum tipo de correlação com aumento de risco cardiovascular! Em
relação as fobias esse resultado acaba não apresentando grande novidade em
relação ao conceito já estabelecido por outros estudos, mas em relação a Síndrome
do Pânico ainda existe bastante controvérsia. Por mais que a Síndrome do Pânico
seja considerada um risco cardiovascular para alguns autores, não existe um
consenso devido a quantidade insuficiente de trabalhos com esse enfoque.
Em relação
a Síndrome da Ansiedade Generalizada foi encontrada uma forte correlação com
risco cardiovascular! Os dados obtidos foram tão expressivos que o risco
relativo seria capaz de se equiparar ao de alguns fatores de risco
tradicionais. Obviamente que mais estudos devem ser feitos para corroborar essa
informação, mas se confirmada pode ser um nicho novo de atuação na prevenção de
eventos cardiovasculares!
E isso
destaca-se especialmente pela prevalência da doença na população e pela baixa
adesão ao tratamento. Atualmente, apenas uma pequena parte dos doentes buscam
auxílio para esse acometimento, ou se o fazem acabam não aderindo ao tratamento
de maneira adequada. Assim, uma intervenção nessa população poderia auxiliar na
redução da incidência de eventos cardiovasculares, cuja morbi-mortalidade faz
com que sejam hoje a principal causa de morte no país.
Bom, por
hoje é só pessoal, tenham uma boa noite!
Eric Renan
Gomes
Liga de
Cardiologia da UNICAMP
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