A síndrome metabólica tem se tornado grande foco de estudo por sua crescente prevalência nos países desenvolvidos e em desenvolvimento, isso em decorrência da mudança nos hábitos de vida que vem ocorrendo nas últimas décadas. Além disso, estudos mostram que essa síndrome possui relação com um aumento do risco de evento cardiovascular em duas vezes e um aumento de 1,5 vezes na mortalidade global, de acordo com o maior e mais recente estudo de meta-analise sobre o tema (incluiu perto de um milhão de pacientes).
Uma descoberta muito importante desse estudo foi que o risco cardiovascular foi elevado em pacientes com síndrome metabólica mesmo na ausência de DM. E que esta síndrome metabólica confere um aumento de cinco vezes no risco de diabetes mellitus tipo 2.
A discrepância entre os critérios diagnósticos (ainda não há consenso nos critérios que definem essa síndrome), que implica diferentes prevalências da Sindrome Metabolica, dependendo da definição considerada e da exclusão de fatores de risco como o tabagismo e LDL elevados, são alguns dos pontos passíveis de críticas. Outras dúvidas pertinentes são relativas à validade de se considerar o diabetes mellitus tipo 2 como parte da síndrome e quanto o tratamento da Sindrome metabolica deve ser diferente do tratamento de seus componentes isoladamente.
O Brasil também dispõe do seu Consenso Brasileiro sobre Síndrome Metabólica, documento referendado por diversas entidades médicas. Segundo os critérios brasileiros, a Síndrome Metabólica ocorre quando estão presentes três dos cinco critérios abaixo:
· Obesidade central - circunferência da cintura superior a 88 cm na mulher e 102 cm no homem;
· Hipertensão Arterial - pressão arterial sistólica ³ 130 e/ou pressão arterial diatólica ³ 85 mmHg;
· Glicemia alterada (glicemia ³110 mg/dl) ou diagnóstico de Diabetes;
· Triglicerídeos ³ 150 mg/dl;
· HDL colesterol £ 40 mg/dl em homens e £50 mg/dl em mulheres.
Há uma grande variação de resultados entre estudos que comparam se a síndrome metabólica apresenta fatores de risco adicionais em relação com os fatores isolados. Essa diferença pode se dever às diferentes definições de síndrome metabólica utilizadas, que agregam combinações variáveis dos fatores (dislipidemia, obesidade centrípeta, hipertensão arterial sistêmica e hiperinsulinemia). Além disso, mais importante que simplesmente verificar o aumento do risco, faltam estudos que investiguem os mecanismos através dos quais a Sindrome metabolica aumenta o risco cardiovascular, para que possamos guiar os tratamentos de acordo com os agentes causais e atuar de forma agressiva, objetivando, em última análise, a diminuição dos eventos cardiovasculares nestes pacientes.
Peritos em Síndrome metabólica da OMS concluíram que a síndrome metabólica é uma condição de pré-morbidade, ao invés de um diagnóstico clínico, e deve, portanto, excluir os indivíduos com diabetes estabelecido ou doença cardiovascular conhecida.
O principal problema de se ter criado a definição da síndrome metabólica é que o seu tratamento não é diferente do tratamento para cada um dos seus componentes. Mas todos concordam que a presença de um componente da síndrome metabólica deve conduzir à avaliação de outros fatores de risco.
Em síntese, vários estudos concluíram que a presença de síndrome metabólica não é determinante de risco cardiovascular maior que a soma dos seus componentes e defendem que a Síndrome Metabólica seja apenas a descrição de vários fatores de risco comumente associados. Além disso, outros estudos também questionam a validade dos critérios diagnósticos, uma vez que pacientes com dois componentes da síndrome já apresentam risco aumentado, apesar de não preencherem todos os critérios diagnósticos, além de outras considerações em relação aos diferentes valores considerados normais.
Liga de Cardiologia da Unicamp
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