segunda-feira, 27 de outubro de 2014

nNOS e sua ação no sistema cardiovascular

Como vocês já viram no post da coordenadora Gabriela Pucci, o Óxido Nítrico (NO) tem grande importância na Cardiologia e vem ganhando mais espaço na pesquisa científica e vou apresentar um dos porquês.

A enzima responsável por viabilizar sua produção no corpo humano é a óxido nítrico sintetase (NOS). Esta possui três isoformas: induzida (iNOS), neuronal (nNOS) e endotelial (eNOS). Esta última foi extensamente estudada devido aos seus efeitos protetores ao sistema cardiovascular. No entanto, foi observado quando estudado o efeito de inibir a ação da eNOS em modelos animais knock out para eNOS, não ocorreu um infarto do miocárdio como esperado. Isto direcionou o estudo para as outras duas isoformas para verificar a contribuição de cada na proteção cardiovascular. E assim a isoforma neuronal ganhou espaço nas pesquisas científicas.

A nNOS foi descoberta em regiões do sistema nervoso central, principalmente bulbo rostrolateral, e por essa razão ganhou sua nomeação. No entanto, atualmente já foi identificada em nervos periféricos, cardiomiócitos, endotélio.. que gera a plausibilidade dos achados, em modelos animais, da sua influência sobre o sistema autonômico, função endotelial, diminuição do consumo metabólico e diminuição das espécies reativas de oxigênio, dentre outros efeitos cardioprotetores.

Uma das principais vias de ação do NO produzido pela nNOS é a ativação da via ß3-adrenérgica que promove inibição do tônus simpático e promove os efeitos cardioprotetores. Fármacos agonistas ß3-adrenérgicos já tem demonstrado em modelos animais de infarto do miocárdio desfechos favoráveis a uma melhor recuperação.

Para observar a relação da nNOS em infartados com supradesnivelamento de ST (IAMcSST), o estudo de coorte Brazilian Heart Study observou que os pacientes que apresentavam um polimorfismo no alelo da nNOS - que induzia menor produção da enzima - possuíam maior tônus simpático na admissão, menor queda deste tônus após 5 dias do infarto, uma menor função endotelial após 30 dias do infarto e uma razão de chances quase 2 vezes maior de eventos cardiovasculares em dois anos após o IAMcSST. Esses dados foram apresentados no 69º Congresso Brasileiro de Cardiologia como Tema Livre Oral e no XXII Congresso de Iniciação Científica da UNICAMP.


Observaram como uma enzima pode ter tanto impacto nos nossos pacientes?


Até a próxima,


Elayne Oliveira
Presidente da Liga de Cardiologia da UNICAMP - Gestão 2014


Referências:
Nakata S, Tsutsui M, Shimokawa H, Suda O, Morishita T, Shibata K et al. Spontaneous myocardial infarction in mice lacking all nitric oxide synthase isoforms. Circulation. 2008 Apr 29;117(17):2211‐23.
Vandsburger MH, French BA, Kramer CM, Zhong X, Epstein FH. Displacement‐ encoded and manganese-‐enhanced cardiac MRI reveal that nNOS, not eNOS, plays a dominant role in modulating contraction and calcium influx in the mammalian heart. Am J Physiol Heart Circ Physiol. 2012 Jan;302(2):H412­‐9.
Choate JK, Paterson DJ. Nitric oxide inhibits the positive chronotropic and inotropic responses to sympathetic nerve stimulation in the isolated guinea-­pig atria. J Auton Nerv Syst. 1999 Feb 15;75(2‐3):100-­8.
Moens AL, Yang R, Watts VL, Barouch LA. Beta 3-­ adrenoreceptor regulation of nitric oxide in the cardiovascular system. J Mol Cell Cardiol. 2010 Jun;48(6):1088-­95.
Chakrabarti S, Chan CK, Jiang Y, Davidge ST. Neuronal nitric oxide synthase regulates endothelial inflammation. J. Leukoc. Biol. 2012;91: 947–956.
Burger DE, Lu X, Lei M, Xiang F, Hammoud L, Jiang M et al. Neuronal Nitric Oxide Synthase Protects Against Myocardial Infarction-­Induced Ventricular Arrhythmia and Mortality in Mice. Circulation. 2009;120:1345-­1354.
Elayne K. Oliveira, Daniel B. Munhoz, Filipe A. Moura, Luiz S. F. Carvalho, Wilcelly Machado-Silva, Otávio T. Nóbrega, Andrei Sposito. Polimorfismo da óxido nítrico sintetase aumenta a atividade simpática e a recorrência de eventos cardiovasculares depois do infarto do miocárdio. XXII Congresso de Iniciação Científica da UNICAMP.

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