A enzima responsável por viabilizar sua produção no corpo humano é a óxido nítrico sintetase (NOS). Esta possui três isoformas: induzida (iNOS), neuronal (nNOS) e endotelial (eNOS). Esta última foi extensamente estudada devido aos seus efeitos protetores ao sistema cardiovascular. No entanto, foi observado quando estudado o efeito de inibir a ação da eNOS em modelos animais knock out para eNOS, não ocorreu um infarto do miocárdio como esperado. Isto direcionou o estudo para as outras duas isoformas para verificar a contribuição de cada na proteção cardiovascular. E assim a isoforma neuronal ganhou espaço nas pesquisas científicas.
A nNOS foi descoberta em regiões do sistema nervoso central, principalmente bulbo rostrolateral, e por essa razão ganhou sua nomeação. No entanto, atualmente já foi identificada em nervos periféricos, cardiomiócitos, endotélio.. que gera a plausibilidade dos achados, em modelos animais, da sua influência sobre o sistema autonômico, função endotelial, diminuição do consumo metabólico e diminuição das espécies reativas de oxigênio, dentre outros efeitos cardioprotetores.
Uma das principais vias de ação do NO produzido pela nNOS é a ativação da via ß3-adrenérgica que promove inibição do tônus simpático e promove os efeitos cardioprotetores. Fármacos agonistas ß3-adrenérgicos já tem demonstrado em modelos animais de infarto do miocárdio desfechos favoráveis a uma melhor recuperação.
Para observar a relação da nNOS em infartados com supradesnivelamento de ST (IAMcSST), o estudo de coorte Brazilian Heart Study observou que os pacientes que apresentavam um polimorfismo no alelo da nNOS - que induzia menor produção da enzima - possuíam maior tônus simpático na admissão, menor queda deste tônus após 5 dias do infarto, uma menor função endotelial após 30 dias do infarto e uma razão de chances quase 2 vezes maior de eventos cardiovasculares em dois anos após o IAMcSST. Esses dados foram apresentados no 69º Congresso Brasileiro de Cardiologia como Tema Livre Oral e no XXII Congresso de Iniciação Científica da UNICAMP.
Observaram como uma enzima pode ter tanto impacto nos nossos pacientes?
Até a próxima,
Elayne Oliveira
Presidente da Liga de Cardiologia da UNICAMP - Gestão 2014
Referências:
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