segunda-feira, 14 de julho de 2014

Como diferenciar angina pectoris de outras “dores no peito”?


A angina pectoris é definida como a dor no peito atribuída à isquemia e ao sofrimento do miocárdio, ou seja, diminuição do fluxo sanguíneo para o músculo cardíaco. Usualmente, a angina é geralmente citada pelos pacientes como “desconforto”, “aperto”, “pressão”, “queimação” e “peso no peito”. Localiza-se no meio do peito ou no lado esquerdo dele, podendo irradiar. A irradiação da angina pode ser para a região epigástrica, ombros, braços, punho, dedos, pescoço, garganta, mandíbula e até mesmo os dentes e costas (especialmente região interescapular).
A angina é geralmente difusa, ou seja, pode ser difícil de localizar. Assim, o paciente usualmente indica todo o peito quando perguntado o local da dor/desconforto. Se a dor é localizada em uma área pequena é provavelmente de origem da parede torácica como a musculatura ou de origem pleural. Outros sintomas podem estar associados à angina, como dispneia, náusea, indigestão, eructação, sudorese, tontura, vertigem e fadiga. Esses variam de paciente para paciente.
A angina também é geralmente de início gradual, com a intensidade variando ao longo de vários minutos. As dores não-cardíacas, no entanto, geralmente são de grande intensidade já quando começam e geralmente têm começo e fim abrupto. Outras características que a distingue de outras dores no peito são o fato de a angina não se alterar com mudanças na respiração e também não ser provocada ou não piorar de intensidade à palpação. A gravidade, duração e tipo de angina podem variar e alguns sintomas podem indicar a angina instável, a forma mais perigosa de angina, conhecido como “ataque cardíaco”.
Tipos de angina:
Angina estável: acontece durante exercício, dura pouco tempo (menos de 5min), desaparece assim que o paciente descansa ou toma medicação para angina.
Angina instável (emergência): ocorre até mesmo no repouso, inesperada, mais grave e de maior duração, podendo durar até 30min, pode não desaparecer quando o paciente descansa ou toma medicação para angina. Pode indicar um ataque cardíaco.

Nas mulheres, a angina pode ter características diferentes das citadas anteriormente aqui, que ocorrem principalmente em homens. Nelas, geralmente há muito mais náusea, dispneia, dor abdominal ou fatiga extrema, até mesmo sem que haja dor no peito.

Em resumo, algumas características das dores no peito que geralmente não são indicativos de doença cardíaca:
·         Dor que se relaciona aos movimentos respiratórios e à tosse (dor pleural);
·         Localização primária na região abdominal mais inferior;
·         Desconfortos que são facilmente “apontados” pelo paciente (dor que não é difusa);
·         Desconforto que seja precipitado ou aumentado com movimentação ou palpação do local;
·         Dor constante com duração de dias;
·         Dores fugazes que duram alguns segundos;
·         Dor irradiada para membros inferiores ou para a região superior da mandíbula.

       É muito importante saber diferenciar a angina pectoris de outras dores no peito e fazer o diagnóstico rápido quando se trata de angina instável, já que esta tem altos índices de mortalidade. Espero  que este post tenha ajudado. Para quem se interessar, há um link e alguns artigos que tratam do assunto nas referências. 
      

Obrigada e até a próxima!
Liga de Cardiologia da Unicamp

Referências
MayoClinic: http://www.mayoclinic.org/diseases-conditions/angina/basics/definition/con-20031194?footprints=mine
Constant J. The clinical diagnosis of nonanginal chest pain: the differentiation of angina from nonanginal chest pain by history. Clin Cardiol. 1983 Jan;6(1):11-6.

Panju AA, Hemmelgarn BR, Guyatt GH, Simel DL. The rational clinical examination. Is this patient having a myocardial infarction? JAMA. 1998 Oct 14;280(14):1256-63.


Lee TH, Cook EF, Weisberg M, Sargent RK, Wilson C, Goldman L. Acute chest pain in the emergency room. Identification and examination of low-risk patients. Arch Intern Med. 1985 Jan;145(1):65-9.

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