segunda-feira, 22 de setembro de 2014

Influência da desidratação sobre nosso coração

Esse ano, nós enfrentamos a maior seca das últimas décadas. A falta de água é sentida todos os dias, pois atrapalha na realização das mais simples tarefas diárias. Mas ela é ainda mais sentida em nosso próprio corpo- o lábio fica mais frágil, a pele fica mais seca, o olho fica mais irritado, o nariz começa a sangrar com freqüência, sem falar daquela constante dor de cabeça. Mas e o nosso coração? Como ele fica com essa desidratação?
A desidratação ocorre quando a pessoa perde mais líquido do que consome. Para tentar se proteger, nosso organismo criou diversos mecanismos de defesa. Inicialmente, a desidratação é percebida pelos centros de sede do cérebro, ao ser  estimulado faz com que a pessoa procure beber mais líquido, portanto, ao sentir sede, seu organismo já estava sofrendo com o início da desidratação. Se mesmo assim, o consumo não for suficiente para compensar a água perdida, começa os outros mecanismos de defesa, como diminuir a transpiração e produzir menor quantidade de urina. A água sai então do depósito interno das células e vai para o sangue. Mas se a desidratação persistir, os tecidos corporais começam a secar e as células encolhem tanto que passam a funcionar de forma inadequada.
As células do cérebro estão entre as mais propensas à desidratação, de maneira que um dos principais sinais de gravidade é a confusão mental, que pode evoluir para o coma. Mas as células cardíacas também são afetadas na desidratação prolongada, elas podem encolher, o que pode alterar as distâncias entre as células cardíacas, afetando a transmissão dos impulsos elétricos que estimulam o músculo cardíaco a se contrair. A desidratação também pode afetar os níveis de cálcio intracelular, necessário na contração muscular.
Além disso, quando se diminui a ingestão de fluidos verifica-se uma diminuição do volume sanguíneo, reduzindo consequentemente, o fluxo disponível para irrigar o coração, cérebro, músculos e todos os principais órgãos. Quanto menor o fluxo sanguíneo, menor será o fluxo de oxigênio recebido pelos órgãos vitais, diminuindo a capacidade para exercerem as suas funções.
A diminuição do volume sanguíneo leva a um aumento da secreção de vasopressina, hormonio antidiurético (ADH), que reduz acentuadamente o fluxo de urina e a excreção de sódio em pessoas saudáveis. O aumento da concentração de sódio está relacionado à hipertensão arterial, pois os sangue se torna mais concentrado e espesso, o que dificulta a circulação sanguínea, levando a vasoconstrição dos capilares. À medida que eles vão se fechando, a pressão nos grandes vasos sanguíneos se eleva e a pressão arterial global aumenta ainda mais. Os barorreceptores dos principais vasos sanguíneos também percebem a diminuição do volume sanguíneo e transmitem essa informação para o cérebro. Este envia sinais para aumentar a frequência cardíaca, numa tentativa de compensar o volume reduzido. Contudo, mesmo assim, o débito cardíaco continua diminuído, porque a quantidade de sangue que o coração é capaz de bombear por minuto é baixa devido ao volume total.
Testes in vitro mostram que alterações na hidratação podem ter um impacto significativo na adesão, levando os eritrócitos normais a mostrarem propriedades adesivas semelhantes às observadas em anemia falciforme.
A desidratação torna o sangue “mais espesso”, mais viscoso e mais difícil de circular no sistema cardiovascular, altera a composição do sangue (hematócrito), podendo assim aumentar o risco de doenças cardiovasculares. Os fatores hemorreológicos (relacionados a viscosidade do sangue) ficam elevados alguns anos antes da manifestação de eventos agudos isquémicos e estão implicados nas fases iniciais (aceleração e extensão) da arteriosclerose.
Outro problema cardíaco associado com a desidratação é a hipotensão ortostática- quando a pressão arterial cai significativamente ao mudar da posição deitada para a posição sentada ou em pé, isso pode ocorrer porque o volume de sangue fica baixo demais para que o corpo possa ajustar a pressão arterial e a frequência cardíaca. Os sintomas incluem: tontura, vertigem e desmaio.
Portanto, a desidratação afeta de várias maneiras o sistema cardiovascular- diminuição do débito cárdiaco e do volume sanguíneo, aumento da frequência cardíaca, hipertensão arterial, hipotensão ortostática,outras doenças cardiovasculares. Não se esqueça de sair com sua garrafinha de água e, mesmo que não esteja com sede, beba sempre um pouco de água a cada intervalo. Seu coração agradece!

http://www.manualmerck.net/?id=162&cn=1276




Nenhum comentário:

Postar um comentário