A desidratação ocorre quando a pessoa perde mais líquido do que
consome. Para tentar se proteger, nosso organismo criou diversos mecanismos de
defesa. Inicialmente, a desidratação é percebida pelos centros de sede do
cérebro, ao ser estimulado faz com que a
pessoa procure beber mais líquido, portanto, ao sentir sede, seu organismo já
estava sofrendo com o início da desidratação. Se mesmo assim, o consumo não for
suficiente para compensar a água perdida, começa os outros mecanismos de
defesa, como diminuir a transpiração e produzir menor quantidade de urina. A
água sai então do depósito interno das células e vai para o sangue. Mas se a
desidratação persistir, os tecidos corporais começam a secar e as células
encolhem tanto que passam a funcionar de forma inadequada.
As células do cérebro estão
entre as mais propensas à desidratação, de maneira que um dos principais sinais
de gravidade é a confusão mental, que pode evoluir para o coma. Mas as células
cardíacas também são afetadas na desidratação prolongada, elas podem encolher, o que pode alterar as distâncias entre
as células cardíacas, afetando a transmissão dos impulsos elétricos que
estimulam o músculo cardíaco a se contrair. A desidratação também pode afetar
os níveis de cálcio intracelular, necessário na contração muscular.
Além disso, quando se
diminui a ingestão de fluidos verifica-se uma diminuição do volume sanguíneo, reduzindo
consequentemente, o fluxo disponível para irrigar o coração, cérebro, músculos
e todos os principais órgãos. Quanto menor o fluxo sanguíneo, menor será o
fluxo de oxigênio recebido pelos órgãos vitais, diminuindo a capacidade para
exercerem as suas funções.
A diminuição do
volume sanguíneo leva a um aumento da secreção de vasopressina, hormonio
antidiurético (ADH), que reduz acentuadamente o fluxo de urina e a excreção de
sódio em pessoas saudáveis. O aumento da concentração de sódio está
relacionado à hipertensão arterial, pois os sangue se torna mais concentrado e
espesso, o que dificulta a circulação sanguínea, levando a vasoconstrição dos
capilares. À medida que eles vão se fechando, a pressão nos grandes vasos
sanguíneos se eleva e a pressão arterial global aumenta ainda mais. Os barorreceptores dos
principais vasos sanguíneos também percebem a diminuição do volume sanguíneo e
transmitem essa informação para o cérebro. Este envia sinais para aumentar a
frequência cardíaca, numa tentativa de compensar o volume reduzido. Contudo, mesmo
assim, o débito cardíaco continua diminuído, porque a quantidade de sangue que
o coração é capaz de bombear por minuto é baixa devido ao volume total.
Testes in vitro
mostram que alterações na hidratação podem ter um impacto significativo na
adesão, levando os eritrócitos normais a mostrarem propriedades adesivas
semelhantes às observadas em anemia falciforme.
A desidratação torna
o sangue “mais espesso”, mais viscoso e mais difícil de circular no sistema
cardiovascular, altera a composição do sangue (hematócrito), podendo assim
aumentar o risco de doenças cardiovasculares. Os fatores hemorreológicos
(relacionados a viscosidade do sangue) ficam elevados alguns anos antes da
manifestação de eventos agudos isquémicos e estão implicados nas fases iniciais
(aceleração e extensão) da arteriosclerose.
Outro problema cardíaco associado com a desidratação é a hipotensão ortostática- quando a pressão
arterial cai significativamente ao mudar da posição
deitada para a posição sentada ou em pé, isso pode ocorrer porque o volume de
sangue fica baixo demais para que o corpo possa ajustar a pressão arterial e a
frequência cardíaca. Os
sintomas incluem: tontura, vertigem e desmaio.
Portanto, a desidratação afeta de várias maneiras o
sistema cardiovascular- diminuição do débito cárdiaco e do volume sanguíneo,
aumento da frequência cardíaca, hipertensão arterial, hipotensão ortostática,outras
doenças cardiovasculares. Não se esqueça de sair com sua garrafinha de
água e, mesmo que não esteja com sede, beba sempre
um pouco de água a cada intervalo. Seu coração agradece!
Nenhum comentário:
Postar um comentário