Boa noite pessoal,
Como em meu último post abordei um pouco mais sobre as Cardiopatias em Gestantes, hoje vou falar um pouco sobre a Cardiologia dentro da triagem neonatal e o famoso (mas nem tão famoso assim) Teste do Coraçãozinho no qual os recém-nascidos são submetidos nos primeiros dias de vida.
Escolhi este tema pela sua relevância dentro da Cardiologia e também pelo seu esquecimento dentro desta área, isto porque quando pensamos em Cardiologia, logo vem em nossa mente os infartos do miocárdio, as insuficiências cardíacas congestivas, hipertensão arterial e todas estas doenças crônicas que tanto atingem a saúde da população contemporânea, sobretudo da população adulta e mais idosa. Porém, não podemos deixar de considerar a grande importância da Cardiologia também nos primeiros dias de vida de uma pessoa, e esta importância torna-se ainda mais merecedora de atenção depois que vemos que cerca de 1 a 2 de cada 1000 nascidos vivos apresentam cardiopatia congênita crítica, segundo Wren et al (2008) e o que merece mais destaque ainda é o fato de que de 30 a 40% dos recém-nascidos com cardiopatias congênitas graves vão de alta hospitalar sem nenhum diagnóstico de alteração cardíaca, segundo o dr. Jorge Afiune - presidente do Departamento de Cardiologia da Sociedade Brasileira de Pediatria.
Logo, vemos que apesar de não ser lembrado quando citamos a Cardiologia, é um tema extremamente recorrente e relevante para quem trabalha na área da Pediatria.
Dentre as Cardiopatias Congênitas críticas temos vários tipos e várias causas anatômicas, todavia, como não é o intuito deste post, vou apenas citar o nome de algumas delas. Podemos ter então, recém-nascidos apresentando algumas cardiopatias consideradas críticas, são elas: Síndrome da Hipoplasia do Coração Esquerdo, Atresia Pulmonar, Tetralogia de Fallot, Transposição das Grandes Artérias, Atresia de Tricúspide, Retorno Venoso Pulmonar Anômalo Total.
O diagnóstico padrão-ouro para estas malformações cardíacas congênitas críticas é a ecocardiografia com mapeamento do fluxo em cores, seja fetal ou neonatal, porém como triagem de todos os fetos/recém-nascidos fica complicado para o Sistema de Saúde Público. Assim, como nestas cardiopatias existe uma mistura do sangue da circulação sistêmica com o sangue da circulação pulmonar há uma queda da saturação periférica de oxigênio, logo, uma ABORDAGEM POR MEIO DA OXIMETRIA DE PULSO, permite o diagnóstico não invasivo, rápido e prático destas condições, uma vez que ausculta cardíaca pode ser normal nesta fase e pode não haver manifestações clinicas ainda neste período.
Desta maneira, o Teste do Coraçãozinho como ficou conhecido nada mais é do que a realização da oximetria de pulso em recém-nascidos em um período de 24 a 48h pós-natal, antes da alta do recém-nascido da Unidade Neonatal, a fim de detectar alterações que indiquem a presença de Cardiopatias Congênitas Críticas.
Padronizou-se que o Teste do Coraçãozinho seja realizado no membro superior direito e em um dos membros inferiores, sendo que o resultado considerado normal é a presença de uma Saturação periférica maior ou igual a 95% nos dois locais de medida, sendo que a diferença de medida nos dois locais não pode ser maior do que 3%. Caso o resultado se encontre fora deste padrão de normalidade, espera-se 1h para fazer novas aferições e, se os resultados continuarem anormais, solicita-se a ecocardiografia (padrão-ouro).
Pode parecer uma abordagem neonatal boba, ou ingênua para quem vê pela primeira vez, Porém, a simplicidade do teste diagnóstico foi fundamental dentre estas patologias, isto porque estas cardiopatias congênitas são responsáveis por 10% dos óbitos infantis e ainda por 30 a 40% dos óbitos decorrentes de malformações, logo, introduzir este Teste de Triagem faz parte das medidas para redução do número de mortes neonatais dentro de um país.
Bom, por hoje é só!
Bons estudos (=
Abaixo seguem algumas referências sobre o Teste do Coraçãozinho:
Informações do CDC sobre a Oximetria de Pulso em Neonatos
Notícia da Sociedade Brasileira de Pediatria sobre o Teste do Coraçãozinho
Explicações sobre o Teste do Coraçãozinho segundo a Sociedade Brasileira de Pediatria
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