Eu sei que há uma certa saturação em ouvir a expressão "Envelhecimento da população" ou "Aumento da expectativa de vida nos últimos tempos" entre os estudantes da área da saúde ou até entre os profissionais já atuantes na saúde, porém não basta apenas ouvirmos isto em uma aula qualquer ou em algum noticiário, é necessária uma análise e incorporação desta conclusão em nossa prática clínica diária, porque, afinal, lidamos com pessoas que estão envelhecendo...
Estar disposto a ouvir o que nosso paciente idoso tem a nos contar é a parte mais básica do atendimento que podemos dar a este paciente, já desde o início de nossa graduação, isto porque a maturidade atribui uma bagagem bastante variada a cada pessoa. Outro ponto chave no atendimento ao idoso, focado agora na Cardiologia, é o fato das doenças crônicas. Muitas vezes o paciente idoso chega para nós com história de Hipertensão Arterial não controlada e nestas muitas vezes o profissional "trata" apenas a hipertensão deixando de lado o famoso conhecimento de que o ser humano é um ser biopsicossocial, tão difundido nas aulas teóricas. Adianta tratar apenas a hipertensão? Muitas vezes na hora sim... mas a longo prazo (ou nem tão longo assim) o idoso provavelmente voltará com o mesmo quadro de hipertensão não controlada, se não para você, para um colega de profissão.
Levantar fatores de risco para as doenças coronarianas é fundamental, porém detalhá-los é ainda melhor e, para isto, a relação médico-paciente é fundamental de ser praticada aqui, sobretudo quando falamos de idosos. Se não garantirmos uma boa empatia, boa relação médico-paciente não conseguiremos fazer um idoso que é sedentário a 70 anos começar a fazer uma caminhadinha ou então que ingere grande quantidade de carnes gordurosas todos os dias a maneirar na alimentação visando um controle do colesterol. Isto parece bastante "batido", porém, infelizmente, ainda é muito presenciado nos atendimentos afora.
Neste "ponto de vista" citado acima da Revista Brasileira de Cardiologia também são citadas as dificuldades entre a relação de um médico com o geronte, isto porque existem certas limitações desta população motivadas por déficit de audição, visão, atenção, memória, compreensão e até de insuficiente proficiência literária.
Pensando em todo este diferencial complexo do paciente idoso, a Sociedade Brasileira de Cardiologia criou diretrizes em Cardiogeriatria, sendo que a primeira delas surgiu em 2002 e a segunda, em 2010. Elas apresentam toda a forma de como o atendimento ao idoso com doenças Cardiovasculares deve ser realizado, sendo bastante interessante a leitura não apenas para aqueles que vão dedicar-se à Assistência ao idoso, mas também a todos os graduandos, que ainda conviverão com muitos idosos durante o curso e durante a vida e, além disso, tornar-se-ão um idoso no futuro.
Hoje postei um texto mais simples, apenas para uma reflexão sobre a importância de conhecermos o todo dos pacientes de nosso convívio, já desde a graduação. Abaixo coloco para vocês 3 links: o 1º é o artigo do ponto de vista da Faculdade de Ciências Médicas da Santa Casa de São Paulo, o 2º é a I Diretriz de Cardiogeritria da Sociedade Brasileira de Cardiologia e o 3º artigo é a II Diretriz.
Bons estudos a todos!
Até a próxima (=
Mayara
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